De onde vem a ansiedade?

A ansiedade surge de nossa própria mente, alimentada por crenças e regras que regem nossas vidas. Nosso sistema de crenças tem um impacto significativo sobre nós, e somos conduzidos a acreditar nelas sem questionamento. Assim, o medo e a ansiedade caminham juntos, pois nossa mente nos orienta por meio de arquivos de medo, nos convencendo de que qualquer consequência negativa será insuportável.


A ausência de reflexão nos impede de perceber que nossa interpretação dos acontecimentos pode ser exagerada. Passamos a acreditar que qualquer fardo estará além da nossa capacidade de resistência, e que pequenos inconvenientes são, na verdade, desastres. Esse modo de pensar fortalece a necessidade de controle e a adoção de comportamentos de segurança. Dessa forma, atribuímos um poder catastrófico aos nossos pensamentos ansiosos, o que nos leva a buscar desesperadamente algo que nos traga segurança.


Quando os próprios pensamentos ansiosos se tornam fontes de medo, nos sentimos impotentes. A tentativa de nos livrar desses pensamentos indesejados, paradoxalmente, apenas aumenta nosso medo, criando um ciclo de ansiedade e descrença na nossa própria capacidade de lidar com essas questões. A ansiedade, então, se manifesta como um comportamento de controle e fuga, mas não há como fugir de si mesmo e de seus próprios sentimentos.


O medo de não sermos aceitos ou de tomar decisões erradas nos leva a evitar riscos e, consequentemente, à procrastinação. Dessa forma, a ansiedade nos aprisiona e passamos a depender dela. Para romper esse ciclo, é necessário mudar nossa forma de enxergar a ansiedade e adotar uma visão mais realista. Precisamos entender que a ansiedade também é um fluxo de energia que pode nos sobrecarregar quando carregamos fardos desnecessários.


O controle excessivo não é a solução, pois apenas fortalece a ansiedade. Em vez disso, devemos nos permitir mergulhar nas situações sem tentar evitá-las. Observar nossos pensamentos, sentimentos e sensações, ao invés de tentar controlá-los, é o caminho para o aprendizado. Por muito tempo, acreditamos que era essencial controlar tudo dentro de nós e evitar qualquer desconforto, mas esse controle apenas alimenta a ansiedade.


Ao mudar nossa relação com a ansiedade e a forma como a percebemos, conseguimos encontrar um equilíbrio entre racionalidade e emoção. Como ensinam os estóicos, devemos distinguir o que está ao nosso alcance e o que não podemos controlar. Devemos focar no que realmente nos compete e entender que aquilo que pertence aos outros é responsabilidade deles, não nossa. Assim, podemos viver de forma mais leve e consciente, sem a necessidade de fugir de nossa própria mente.